Se a leitura tem motivação extrínseca e o desenvolvimento de pensamento é um fator intrínseco, dependente da força reguladora interna, por que pretender desenvolver o pensamento através da leitura, quando o natural seria esperar que a inteligência, desenvolvida, quisesse ler? É no pensamento que os conceitos estão contidos, não na linguagem; eles são esquemas de ação dinâmicos, não jazem em livros nem em dicionários.
O autor contrapõe a cognição operativa à figurativa, como por exemplo, o teatro; esta se refere a um conhecimento material ligado à aparência física e estática; a cognição operativa trata de um conhecimento racional operante e significativo. Se a pedagogia pretende nutrir a inteligência, dará relevo especial a todas as atividades capazes de desafiar o pensamento operativo.
Quanto à relação linguagem e pensamento, ao invés de considerá-la instrumento indispensável ao desenvolvimento do pensamento considera este a condição necessária para o uso consciente e adequado da linguagem. Só quando a inteligência atinge o seu apogeu, com as operações formais, é que a linguagem pode nutri-la e enriquecê-la. Antes se contextua como um instrumento simbólico, veículo da comunicação e socialização gradativa da criança; por ela a criança assimila atitudes, valores sociais, morais e políticos. Todavia é perigosa a imposição de padrões lingüísticos na educação como critério de avaliação do pensamento, numa idade em que a linguagem pode estar atrasada em relação às possibilidades do pensamento operatório.
Uma vez destronada a linguagem do seu antigo e falso pedestal, Furth propõe as escolas de pensamento, baseadas na lógica símbolo-imagem (que levará a criança a efetuar substituições, conjunções, disjunções etc.), ou nos jogos de pensamento (jogo da probabilidade, reconhecimento pelo tato, seleção e classificação etc., complemento de imagens etc.), até chegar ao pensamento criativo em aulas de teatro, por exemplo, ou ao pensamento social também pela dramatização e pela cooperação.
A pedagogia que se desprende da teoria de Piaget gera uma aprendizagem libertadora, participante, vivenciada, com os olhos escancarados para a realidade e para a vida prática: orientadas, as crianças discutem entre si e com os professores, para assessorar-se de valores que serão os seus futuramente. É preciso limpar a velha escola das atividades que não contribuem para a saúde mental, social e afetiva do educando. Importante é fortalecer o pensamento e a criança poderá expressar-se inteligentemente por meio da linguagem. Essa inteligência cresce concomitantemente com o desenvolvimento da afetividade.
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